O grupo é constituído por: Leonardo - acordeon e teclas, Hélio - bateria, voz e percussão, Bandarra - guitarra clássica, voz, guitarra de fado e cavaquinho, Júlio - guitarra clássica e voz, Rui - guitarra baixo e cavaquinho, Armindo - guitarra clássica e electrica, bandolim, guitarra baixo, harmónica e piano.
Este projecto nasceu para ocupar o seu espaço, junto aos que teimam em cantar os nossos poetas e os nossos músicos. Alguns dos elementos do TABÉMDÊXA, vêm de larga experiência e de várias correntes musicais.
O grupo está a trabalhar desde alguns meses, e espera apresentar-se brevemente.
Depois de algumas fotos de apresentação dos músicos e do seu espaço de trabalho, deixamos como cartão de visita, alguns dos textos já musicados.
A matança do porco
Cuidem-se pobres tristes, desconfiem
do milho farto ou figo à tonelada;
da bolota que for dada não se fiem,
nem da batata doce, ou da cevada.
E quando numa fria e turva aurora
vos cheirar a medronhos e a pastéis,
ai de vós, pobres tristes, nessa hora,
vossa vida nem vale cinco réis.
refrão
Querem de ti a flor dos teus sentidos
o chispe, a cachola , o coração,
a tenra febra para assados e cozidos,
e o presunto, com ovos ou com pão.
Deitam a tua banha a coalhar
para dentro de tachos e panelas
e da carne e toucinho que sobrar
fazem de ti chouriças e morcelas. (de Vieira Calado)
Teso
Teso pode ser calão
usado na nossa língua,
p'ra mostrar a condição
de alguém que vive à míngua.
Também pode definir
com diferente intenção,
a maneira de sentir
calor em certo orgão.
Ser teso por nada ter
é motivo de tristeza,
mas teso noutro dizer
é gostoso com certeza.
Ficar teso significa
cumprir destino fatal,
se a morte nos estica
numa tesura geral.
Quero mais teso andar
passar fome ou ser preso,
do que a vida deixar
não sentindo que sou teso. (de José Palroz)
Ana mil-homens (uma estória de outros tempos)
Vestida de algas
sol e maresia
de pés descalços
brilho e magia,
sorria alegre
ao moço amado
já prometida
sonho guardado.
Corpo perfeito
face rendada
um xaile de rede
e a tez queimada,
chegou o barco
de quilha ao ar
ele não voltou
levou-o o mar.
O amor precoce
não dá à costa
de ondas sem seiva
ela não gosta,
sobe a maré
molha a desgraça
esconde o olhar
a quem lá passa.
Moura encantada
flor de um mundo
solteira e nua
caída ao fundo,
abana o lenço
de despedida
guarda-se aberta
p´ra outra vida.
morre a esperança
nasce a saudade
na boca rosa
um beijo metade,
o coração
foi cobiçado
em más areias
atraiçoado.
Era a menina
Ana da Rosa
por amores falsos
mudou de nome,
Ana mil-homens
chamam-lhe agora,
chora na praia
quer ir p'ra fora,
pelo mar fora. (de Armindo Gaspar)