Do Facebook, um espaço nostálgico sobre o Bairro Operário de Lagos, suas gentes, suas histórias e estórias, dramas, vidas, etc.
Extraí alguns depoimentos de quem por lá conta o que sabe e o que viveu. Como também vivi neste bairro, não podia deixar de os mostrar a todos os lacobrigenses espalhados por esse mundo fora que habitualmente visitam este blogue.
O Parque Infantil do Bairro Operário
Este Parque, local onde várias gerações de crianças do Bairro Operário brincaram ao longo das suas infâncias, terá sido criado no início dos anos 70’.
Foi construido um muro com menos de 1 metro de altura num rectângulo que separava a Rua Ilha da Madeira da Praceta Ilha da Madeira, com aberturas a sul e a norte.
Dotado de vários utensílios para as brincadeiras (balancé, escorrega, carrocel, caixa de areia, entre outros), dispunha ainda de espaço para a rapaziada brincar ao jogo do berlinde, do pião, do ferro, da apanhada, do mata, da corrente eléctrica, entre outros, já para não falar de jogar à bola, servindo as aberturas a sul e a norte de balizas.
Durante o final dos anos 70’ e princípio dos anos 80’, e derivado ao desgaste natural bem como a actos de vandalismo por parte de grupos de jovens mais velhos oriundos de outros Bairros, os utensílios tiveram de ser, pelo menos por 3 vezes, repostos, bem como foram feitas pequenas modificações no interior do Parque, o qual em certa altura viu surgir um Mastro de São João, para celebração de festas dos Santos Populares durante o mês de Junho.
De salientar que o topo do pouco elevado muro que rodeava o Parque era também utilizado para o jogo da carica, no qual era necessário fazer deslizar a carica de uma garrafa ao longo do muro, dando pequenos toques com os dedos, sempre de forma a evitar que a carica saísse para fora dos limites da espessura do muro e caísse ao chão, chegando-se em certa altura a organizar verdadeiras competições, fosse verão ou inverno, chovesse ou fizesse sol.
Com o passar do Século a realidade do Parque Infantil do Bairro Operário tornou-se outra, da qual prefiro nem falar…prefiro lembrar-me do Parque da minha infância da forma que vivenciei as brincadeiras mais felizes dos meus tempos de criança.
ram feitas pequenas modificações no interior do
Parque, o qual em certa altura viu surgir um Mastro de São João, para
celebração de festas dos Santos Populares durante o mês de Junho.
De salientar que o topo do pouco elevado muro que rodeava o Parque era também
utilizado para o jogo da carica, no qual era necessário fazer deslizar a carica
de uma garrafa ao longo do muro, dando pequenos toques com os dedos, sempre de
forma a evitar que a carica saísse para fora dos limites da espessura do muro e
caísse ao chão, chegando-se em certa altura a organizar verdadeiras
competições, fosse verão ou inverno, chovesse ou fizesse sol.
Com o passar do Século a realidade do Parque Infantil do Bairro Operário
tornou-se outra, da qual prefiro nem falar…prefiro lembrar-me do Parque da
minha infância da forma que vivenciei as brincadeiras mais felizes dos meus
tempos de criança.
Tal como já tive oportunidade de aforar
neste fórum de amigos, os habitantes do Bairro Operário nutrem uma franca
predilecção ou vocação para o associativismo.
A geração do pai do Armindo Gaspar, do pai do Vitor Moreira e do meu pai são
apenas alguns exemplos. E esses senhores legaram-nos o “bichinho”. A carreira
de sucesso do Armindo fala por si, o Vitor Moreira é outra grande referência da
cena musical lacobrigense. Para além de grande músico foi também um
incontornável presidente da Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1º de Maio.
Reportando-me ao meu pai, José Pedro, recordo que também ele foi Presidente da
Filarmónica Lacobrigense 1º de Maio, como se pode atestar pela foto que publico
hoje.
Porém, o meu pai ainda foi dirigente do Marítimo onde pontificava justamente o
pai do Armindo Gaspar, e durante largos anos o José Pedro fez parte dos órgãos
sociais de várias colectividades, mas particularmente do Clube de Futebol
Esperança de Lagos, que celebra o Centenário já no próximo dia 20 de Setembro
de 2012 .
A forte apetência da malta do Bairro Operário pelo
Desporto
Para além das castiças brincadeiras e diversificados
jogos lúdicos, que já mencionei na anterior publicação, a malta do Bairro
Operário sempre revelou forte apetência pelo desporto.
Qualquer espaço ou objecto serviam para a prática
desportiva. A reboque ou por influência da televisão ou rádio ou jornais,
sempre que se realizavam os Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, Campeonatos
Europeus ou mesmo Campeonatos Nacionais, toca a vir para a rua e jogar de manhã
à noite.
Atletismo: provas de velocidade, provas de meio fundo e
fundo , saltos e até lançamentos; ciclismo: sprints, voltas ao Bairro, ou mesmo
provas de fundo e até etapas como se fosse a Volta a Portugal; andebol,
voleibol, hóquei em patins, aliás, em campo, porque não tínhamos patins;
basquetebol aproveitando os candeeiros das casas cuja base formava um triângulo
convidativo (cesto) para enfiar a bola, futebol com vários campos ali no
Bairro: os famosos 2 x 2 ou 3 x 3 na Rua Ilha de S. Miguel, cujas balizas eram
os poiais das escadas das nossas casas, ou outro campo para mais alguns
jogadores, no espaço entre a casa do Armindo Gaspar e do José Augusto, e ainda
aquele terreno junto à Cerca do Cemitério, em que se juntavam mais jogadores.
Mas aquele duelo 2 x 2, em que não faltavam as duplas Sporting/Benfica era
espectacular. A precisão do passe, a tabela, o drible, a recepção, o desarme, a
condução de bola, a marcação, a desmarcação e o apoio, e também muita
resistência. Porque era o bota-fora. Até a natação marcava presença no Verão,
com disputas na Praia da Batata ou na Meia Praia.
Outros jogos eram típicos da malta do Bairro Operário.
Recordo que fazíamos um carro com canas e rodas de cortiça com guiador e tudo,
para fazermos competição. Também os pneus e arcos das bicicletas serviam para
competir. Arcos com flecha, as fisgas, enfim, tudo servia para competir,
brincar e divertimento.
Certo é que, a partir do Bairro Operário, emergiram
muitos e bons atletas, treinadores e dirigentes. Particularmente no Futebol, na
década de 70, os Juvenis e Juniores do Esperança acolhiam uma grande fatia de
jogadores do Bairro Operário. Eu, o Júlio Barroso, José Augusto, José Manuel
Segurado, Orlando Pinto, Constantino Bandarra, Carlos Alberto Rosa “Magana”,
Júlio Bárbara “Galinha”, Luís Raul, Nani, Carlos Serraboco, Carlos Cabrita,
etc. A propósito deste último, sabiam que o Carlos e o Joaquim Xaiota eram
exímios nos toques de cabeça contra a parede?
Outra fornada de jogadores do Bairro Operário assentava
na primeira equipa de Iniciados do Esperança de Lagos: Luís Barroso, João
Barroso, António José “À Barra”, infelizmente faleceu recentemente; João Nunes,
Luís Bárbara “Galinha”, e outros jovens das zonas vizinhas de Santo Amaro e
Hospital Velho (Rua Hospital São João de Deus).
Após o 25 de Abril, foi fundado o popular GDAL, o clube
mais ecléctico de Lagos e do Algarve, de todos os tempos. A maioria dos
fundadores do GDAL eram do Bairro Operário: eu, o Júlio Barroso, Orlando Pinto,
Constantino Bandarra, entre outros. E as primeiras equipas de futebol do GDAL
eram baseadas na malta do Bairro Operário: Carlos Segurado, Vítor Cópio, Quim
Zé. Amado, Chico Dias, Zeca Pereira, José Luís Janota, Augusto Janota, Alberto
Miguel, Alberto Conceição, Victor, primo do Alberto Miguel, Paulo Neves,
Sargento, Marinho “Besugo”, Luís Luz “Canana”, Luís Firmino, Olegário, Helder
Francês, Carlos Borlinha, José António “estrelado”, José António Correia, João
Kapa, entre outros, dos quais eu tive a honra e privilégio de ser treinador.
E quem não se lembra dos famosos torneios de futebol
salão e não só, organizados pelo saudoso João “Rebuçado”
Outras gerações, incluindo as mulheres, pontificaram no
desporto lacobrigense. Por isso, desafio os amigos a partilharem outros nomes e
outras actividades desportivas.
Obviamente, que o espaço está aberto para recordarmos
artistas e gente que se dedicou ao associativismo cultural.
Obrigado
por tudo, Carlos Conceição (Calitas) e Carlos Manuel Reis Rodrigues
Entre 1975 e 1982/1983, o Carlos Conceição (Calitas), muitas vezes auxiliado
pelo Carlos Rodrigues, treinou, ensinou e formou muitas camadas jovens do nosso
Bairro e de outros Bairros da nossa cidade, no desporto rei - o Futebol, no
saudoso GDAL (Grupo Desportivo Amador de Lagos).
Foram muitos os jovens que por lá passaram, sendo de destacar alguns dos mais
velhos - Luís Firmino, Luis
Luz, Jaime
Bravo, entre outros.
...
Armindo
Gaspar
Personagens do Bairro Operário
"O Cabeça de Boi", que me desculpem os
familiares mas era assim que as pessoas e chamavam, eu nem sei qual o nome
próprio dele. Na altura em que não havia ainda saneamento básico na cidade,
este senhor conduzia um carroça de bois que recolhia os "esgotos" das
casas. Um particularidade é que os bois já sabia aonde parar sem que o homem
lhes desse ordem. Lembra-me disto como fosse hoje, porque o José Gaspar meu
pai, era à altura o encarregado dos serviços de limpeza da cidade.
PS. O senhor chamava-se Aníbal.
·
Carlos Conceição Jogos e brincadeiras inesquecíveis Neste fantástico espaço de convívio e de memórias, para além das magníficas fotos publicadas, julgo oportuno recordar também os jogos e brincadeiras de várias gerações.
Neste histórico Bairro Operário, nasceram e viveram ilustres lacobrigenses, de gema e de coração/opção. Gente que contribuiu decisivamente para valorizar a cidade dos descobrimentos. Pescadores, Homens e Mulheres da Indústria Conserveira, da Cortiça, do Tijolo, do Mármore, da Hotelaria e Restauração, Agricultores, Homens da Construção Civil, da Função Pública, Políticos, Dirigentes do Associativismo, Profissões Liberais, Artistas, Jornalistas, Desportistas, Empresários, enfim, das mais variadas e nobres profissões.
Na minha geração de criança e jovem, muitas eram as brincadeiras, jogos tradicionais e jogos desportivos. Recordo com saudade o Bairro Operário vestido de berlindes, em cada canto ou a cada esquina, lá estava a malta a jogar o berlinde, ou ao betão, a moeda na parede, o Pauzinho queimado, o Manecas, as Uvas, o Lá vai ai, o Toca e Foge, a Rolha, o 31, a Pêra Redonda, a Corrente Eléctrica, o Lencinho, e claro, influenciado pela televisão e pelas colecções de livros , na altura, brincava-se ao Mãos ao ar, cowboys e índios, espadachim, etc..
Para não me tornar maçudo, deixo aqui o repto para partilharmos e até explicarmos aqueles jogos e as brincadeiras. Noutras publicações darei conta dos diversificados jogos desportivos.
Porém, não posso deixar de relembrar certas brincadeiras, talvez praxes da época, algumas maldosas e pouco asseadas.
Para quem gozava férias, ou estava de passagem para ver amigos e familiares, a malta marafada do Bairro pregava habitualmente partidas do arco da velha. Ora, vá-se lá saber porquê, alguém inventou o “Rei Coxo”. Então, quando aparecia algum moço novo ou estranho no Bairro, logo lhe era perguntado se sabia jogar ao “Rei Coxo”. Caso o moço desconhecesse, toca a jogar que se faz tarde. Apenas 3 elementos: o rei coxo, o pagem e o cavalo, enquanto o resto do grupo fazia de povo. Claro que o coitado do pagem era o novato no Bairro. Com contagem ou sem ela, dava-se um determinado tempo para o rei, sempre a coxear, enquanto estivesse à vista, lá desaparecia por instantes, e depois aparecia para colocar o pé completamente embolado de “merda”, nas mãos do pagem, antes do rei subir para o cavalo. Resultado, uma monumental gargalhada e o desespero e revolta do novato praxado.
E ainda havia a célebre “Estrelinha cai, cai...alguém se recorda?
Malta marafada e com muita imaginação!
Meus queridos vizinhos!! estive de tarde a conversar com o Ivo, estava a passear os seus cães e eu fui levar a minha amiga a casa. O Ivo como qualquer um de nós, num determinado momento da vida, está a passar por uma fase complicada, ainda não fez os exames médicos mas o prazo aproxima-se, precisa de equilíbrio, serenidade palavras e gestos bonitos. Precisa de estar rodeado dos seus mais próximos e concentrar-se na sua vida pessoal. Disse-me que sentia muitas saudades do grupo e tem fotos para publicar um dia, quando se sentir mais calmo e em paz.
Eu por mim, fiz o que o meu coração mandou, fui ao encontro dele e ofereci-lhe o meu apoio, partilhei também os meus medos e as minhas inseguranças e disse-lhe que ele não está "sozinho". Aqui na nossa "casa", podemos sempre mandar-lhe pensamentos positivos, eu sei que ele vai gostar!
(alguns destes depoimentos estão acompanhados de fotos, pode visitar este espaço:)