Marcha das Camponesas
Rancho Folclórico do Clube Futebol Marítimo "Os Lacobrigenses"
JOSÉ GASPAR
Um homem que os autarquas da Cidade de Lagos esqueceram...
José Gaspar, natural de Lagos, filho de António Gaspar (Lagos) e de Maria de Assunção (Montes de Alvôr).
..................................O casal Gaspar: Julieta e José com 17 e 21 anos
Recrutado para o serviço militar de Lisboa, levou consigo a namorada Julieta dos Santos e em Peniche ficou a viver de uma pequena empresa de fabrico de calçado. Dotado de uma boa veia artística, começou a fazer teatro, cegadas*, folclóre, etc. Em 1942 (?) fundou com alguns amigos o Rancho Folclórico dos Pescadores e Rendilheiras de Peniche que à época era a par do TÁ Mar da Nazaré e outros, a nata do folclóre português. Regressando ao Algarve-Lagos em 12/1952(?), dedicou toda a sua vida ao associativismo, fundou o Ranho Folclórico do Marítimo e foi durante alguns anos o Presidente do Clube Futebol Marítmo "Os Lacobrigenses". Desenvolveu trabalho de vulto neste clube desportivo e recreativo. Ficaram célebres as matinés e os bailes, as gincanas de dança, as noites do bailes da pinha e de carnaval que duravam até o sol nascer, assim como as revistas o teatro e as marchas cantandas e dançadas pelas ruas da cidade **.
A criação do Rancho Folclórico do Clube Futebol Marítimo "Os Lacobrigenses" foi um trabalho árduo, entre outras tarefas: cantarolar as melodias para os acordeonistas aprenderem, explicar às costureiras os desenhos do trajes, ensaiar os passos das danças e o mais difícel, mobilizar as raparigas com a difícil autorização das mães (face aos tabús e preconceitos próprios da época), para participarem nos trabalhos do grupo. O Rancho (aonde militaram dezenas e dezenas de jovens) participou e ganhou prémios em alguns certames com destaque para um 1º. Prémio num certame internacional na Alameda de Faro. Gravou dois discos, um LP e um EP, participou num programa de televisão na RTP e em espectáculos em Lisboa. Guardo ainda na memória a espectacular actuação deste Rancho, nas Comemorações Henriquinas de Novembro de 1960 em Lagos, quando pela alta qualidade, se destacou de todos os outros grupos folclóricos presentes. Em toda esta actividade do José Gaspar, participaram algumas personalidades (artistas e intelectuais) da cidade: Prof. Anatólio Falé, Tino Costa, Maria Dilar, José Vicente (o popular Zé de Marrocos), Sebastião Murtinheira, Sr.Pestana (em aspectos etnográficos) e o músico António "da Chã" que teve a paciência de passar para o papel todas a notas musicais que o José cantava.
* Cegadas são pequenas peças de teatro cantadas e representadas na rua. Vêja exemplo de uma organizada pelo José Gaspar, que eu retrato em Carnival Time (A morte do Entrudo anos 50) num post de 20/2/2009.
**As pessoas mais desfavorecidas aderiam a tudo isto como uma forma de se divertirem e de terem algum contacto com a cultura, porque os outros clubes da cidade (Grémio, Artístas, Ricos e até o Metalúrgico) fechavam-lhe as portas numa acção discriminatoria. Por exemplo uma operária conserveira, um pescador que não pescasse numa traineira ou um operário, não poderiam frequentar os clubes de elite, era a cidade e a gente que tínhamos. Por toda esta desigualdade e pela pobreza de espírito dos chamados ricos e "finos", o povo adorava a actividade do José Gaspar e gostava dele. Em Lagos, não há memória de um funeral com o do José, parecia que a cidade inteira estava presente para lhe dizer adeus. Faleceu o José Gaspar, o Rancho Folclórico do Marítimo e como uma desgraça nunca vem só, o Clube Marítimo " Os Lacobrigenses" acabou por falecer também perante a "complacência" das entidades locais.
Rancho Folclórico dos Pescadores e Rendilheiras de Peniche
O José Gaspar é o 3º. da esquerda.
A Julieta (minha mãe) é a do meio.
José e Julieta (grávida do meu irmão)
*Click nas Fotos para as ampliar.
Primeira formação do Rancho do Clube Futebol Marítimo "Os Lacobrigenses" 1953
Maria da Glória, Idalina Marreiros, Maria Francisca, Carminha, Noémia, Alda Mateus, Amélia(Pinguinhas) e Anália, Orlando Café, Manuel Firmino, João, J.A.Santos e Basílio.
Actuação na Estalagem S. Critovão (do Hermano Baptista) com os acordeonistas "Tóino da Chã" e o Duarte Ribeiro.
Depois de o Jantar. (José Gaspar ao centro ao lado do José Borlinha, director do Rancho)
Outra formação - o Penúltimo homem (criança) à direita sou eu o Armindo Gaspar
Para lá das raparigas da foto anterior, figuram: a Madalena, a Fátima e a Henriqueta, o Manuel Aníbal, o Manuel Cabreiro, o João, o Chico, o Augusto, o António Café e o José Gaspar atrás da Bandeira.
Remando no Bote.
- Deixa a moça pá !
Carminha e Orlando
Esperandos os pescadores !?
Corridinho maroto
Puladinho agarradinho
Assim contigo quero estar
Abraçadinho p’lo beicinho
Junto a ti hei de ficar (bis)
Vai rodando vai rodando
Não te negues a rodar
Entra na roda pulando
Eu contigo hei de ficar
Tu és maroto dás-me no goto
Mas tu de mim tu já não gostas
Não sejas ruim não vires as costas (bis)
Bailes bem ou bailes mal
Hás-de ser sempre o meu par
P’ra tia não vou ficar.
Corridinho do sarilho
Dança comigo
Dá-me os teus braços
Dá meia volta
Damos dois passos
Dança comigo
Sim ó morena
Saia rodada
Cara pequena
Vem cá
Não digas não
Dá meia volta
Com emoção
Se danço
Faz-me lembrar
Uma cachopa
À janela a namorar
Dançamos o corridinho
Agarrado ao par
Com muito jeitinho
O corrido bem dançado
É bem bonito
E apreciado
O amor quando se encontra
Mostra esperança
E muito carinho
E vem de modo engraçado
De cara ao lado dá cá um beijinho.
Baile de roda “Arribé”
‘inda agora aqui cheguei
E já me ponho a cantar
‘inda agora aqui cheguei
E já me ponho a cantar
Cantas bem que eu bem sei
A roda vai animar
Cantas bem que eu bem sei
A roda vai animar
Bate bate (arribé)
Teu pé no chão “ “ “
Roda roda “ “ “
Na minha mão “ “ “ (refrão)
Ao compasso “ “ “
Mais apressado “ “ “
Meu peito ao meu “ “ “
Muito apertado, ói…
Esta roda está formada
É Manel animação
Esta roda está formada
É Manel animação
Vim do mar para saltar
Junto do meu coração
Vim do mar para satar
Junto do teu coração (refrão)
Ó Maria deixa falar
Há má lingua em todo o mundo
Ó Maria deixa falar
Há má língua em todo o mundo
Não me deixes a vazar
Nem deites a fateixa ao fundo
Não me deixes a vazar
Nem deites a fateixa ao fundo (refrão)
Ó meu cravo desfolhado
O teu cheiro já se perdeu
Ó meu cravo desfolhado
O teu cheiro já se perdeu
Guardas o osso deixado
Das popas qu’outro comeu
Guardas o osso deixado
Das popas qu’outro comeu.
Não quero que vás ao mar
Receio em te perder
Vem para a praia pescar
Quero contigo aprender
Meu amor é como o mar
E como o vira também ...............Refrão
Que se farta de virar
Sem se agarrar a ninguém
Marcha da Costa d’oiro
E de belezas sem par
São lindos os teus recantos
Alguns beijados p’lo mar
Tens o forte da bandeira
O cais da solaria
A tua bela costa de oiro
Que encerra tanta magia
Adeus Lagos
De humildes pescadores
Ó Lagos terra de encantos
E de formosas morenas
Adeus Lagos
Terra formosa de amores
De lanchinhas e traineiras
E humildes pescadores
A bela praia formosa
Ligada à dos estudantes
A caldeira e o pinhão
Como dois velhos amantes
Sentinelas da baía
Te guardam a costa d’óirada
Para não teres receio
Que ela te seja roubada
Da D. Ana ao Camilo
Tens o gigante e a boneca
O arquinho e o moinho de vento
Ao lado a vinha cavada
A balança e a piedade
Com as suas furnas sem igual
Que fazem deste (lindo) cantinho
O mais belo se Portugal.
Marcha das camponesas
Passa o rancho de Lagos
Pelas ruas a cantar
O mais lindo e sempre fixo
O rancho mais popular
Camponesas engraçadas
Vestindo saias vermelhas
Lembram-nos as lindas fadas
Citadas nas velhas lendas.
Viva o rancho de Lagos
Vamos p’ra ele cantar
O mais lindo e sempre fixo
O rancho mais popular
Pescadores e camponesas (refrão)
Vamos todos a cantar
Não esqueçamos Lagos
Que é de todos o mais fixo
Dos ranchos da beira-mar
Nós alegres pescadores
A palma ninguém nos tira
Nossas camisas de cores
São feitas de caxemira
Vamos todos caminhando
Com ardor no coração
De braço dado entoando
Bem alto a nossa canção.
Que belo manjar.
Marcha das Camponesas