Quadras d’água
Água quente mata a gente
Água fria lava e cria
Era um dizer do povo
Que a minha mãe me dizia
Gota a gota a natureza
Dá-lhe cor, forma e graça
Enche rios e ribeiras
E mata a sede a quem passa
Oh infinita pureza
Dás vida, afogas e lavas
Tantas quilhas portuguesas
Em águas doces e amargas
Tão macia e sedosa
Quando evaporas e gelas
E p´ra nossa barriguinha
Enches tachos e panelas
Apanhar água da chuva
Faz o povo com razão
P´ra cozer bem o cozido
A galinha e o grão
À beira d´água me deito
Tanto prezo água minha
De dormir só no teu leito
E beber da cantarinha
Tu que lavas as más línguas
Corre, corre em liberdade
Lava e leva o que quizeres
Por favor deixa a saudade
Ah gigante povo luso
Gente nobre e lavadinha
À segunda, quarta e sexta
Com água da ribeirinha
Água quente mata a gente
Água fria lava e cria
Era um dizer do povo
Que a minha mãe me dizia
(Quadras de 1969 ?)
Armindo Gaspar