quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Os poetas verdadeiros

Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mel




"...NUMA BANDA A ESPANHA MORTA,

NOUTRA PORTUGAL SOMBRIO

ENTR' AMBOS GALOPA UM RIO

QUE NÃO PÁRA À MINHA PORTA.



E GRITO, GRITO: ACUDI-ME,

GANHEI DOR. BUSQUEI PRAZER

E SINTO QUE VOU MORRER

NA PRÓPRIA PÁTRIA DO CRIME..."




Os Poetas
.
Nunca os vistes
Sentados nos cafés que há na cidade,
Um livro aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos, sem oiro e sem idade?
.
Com magros dedos, coroando a fronte,
Sugerem o nostálgico sentido
De quem rasgasse um pouco de horizonte
Proibido...
.
Fingem de reis da Terra e do Oceano
(E filhos são legítimos do vício!)
Tudo o que neles nos pareça humano
É fogo de artifício.
.
Por vezes, fecham-lhes as portas
— Ódio que a nada se resume —
Voltam, depois, a horas mortas,
Sem um queixume.
.
E mostram sempre novos laivos
De poesia em seu olhar...
Adolescentes! Afastai-vos
Quando algum deles vos fitar!
..
Pedro Homem de Mello, obra "O Rapaz da Camisola Verde"