domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril

Triste, porque já me doi este "poema".
"O Ilusionista"

Movia-se por dentro da mímica
ao falar da “ilusão”
frases longas,
“mezinhas” santas
pernas ágeis até às ancas
e vertical na posição.

Fórmulas de doutor
se na verdade o era,
cabelo de brilho inox
colarinho enforcado
calça colete casaco
e pés bem assentes na terra.

-É o mágico!
-É o mágico!
Gritava a multidão,
empilhada em redor
já esquecida da dor,
querendo ver a “ilusão”.

Ouviam-se mulheres soluçando
e homens de calos na voz,
Viv’ó magico!
Viv’ó magico!
- Qual mágico? (voz dos sem nada e sós).

O povo extasiado,
(com sede da poção mágica)
cujo destino procurava
na ilusão vestida ou nua,
mas o mago
tantas voltas lhe deu
que o pior aconteceu,
deixou-a cair na rua.

Partiu-se! Exclamou a gente.
-É pena! Disse o mago e profeta,
que num ardil monumental
e num impulso subtil, genial,
foi-se como uma seta.

Chora ainda a pobre gente,
pensando de fora p’ra dentro
-A “ilusão” aonde mora?
Penso ao vê-la chorar
com vontade de perguntar
- Mágico, gente ! …E agora ?
.
(do último dos revolucionários)