A Tijela de Sacavém
(Indivisivelmente perpétuo)
Ajoelho-me perante a
descoberta do nuclear, da conquista do espaço, da nova dialéctica e todas as
outras novas tecnologias. Nasci em Peniche em 1944 e cheguei a Lagos em 1951,
comigo veio esta velha e nobre Tijela de Sacavém que deve ser mais velha do que
eu, com a qual tomei hoje (08/10/2012) o pequeno almoço e que faz parte da
minha história, das palavras que aprendi e disse, da natureza que me rodeia e
dos objectos e utensílios que uso. Observo-a e pergunto-lhe, com quantas sopas
de café com leite me presenteas-te, quantos conselhos ouviste da minha mãe para
mim, quantas zangas e alegrias e quanto desespero no tempo da guerra? Todos
estes fósseis estão incrustados no tique taque quase inaudível do velho relógio
de parede que a minha mãe Julieta me deixou, mas tu nobre Tijela, continuas
viva e diante de mim ouço o teu murmurar, - Armindo, ainda estou viva !
PS.
A Fábrica de Loiça se Sacavém foi fundada em 1850